segunda-feira, 22 de abril de 2013

Revisão sobre os Elementos da Narrativa no Texto Literário


 Toda narrativa é estruturada sobre cinco elementos principais: enredo, personagens, tempo, espaço e narrador. Há muitas possibilidades de narrar, oralmente ou por escrito, em prosa ou em verso, usando imagens ou não.
As narrativas em prosa mais difundidas são o romance, a novela, o conto, a fábula, o apólogo e a crônica.
Vejamos seus elementos:

O ENREDO
O enredo, como primeiro elemento, refere-se ao conjunto dos fatos de uma história dotada de estrutura e de natureza ficcional. Esta história deve ser verossímil, ou seja, mesmos os fatos sendo inventados, o leitor deve acreditar no que lê. Esta credibilidade advém da organização lógica dos fatos dentro do enredo, que devem ter uma relação de causa e consequência.
A estrutura do enredo centra-se em seu conflito, naquilo que movimenta a história.
O conflito é qualquer componente da história que se opõe a outro, criando uma tensão que organiza os fatos da história e prende atenção do leitor. Assim, levando-se em consideração o conflito pode-se estruturar o enredo em: exposição, complicação, clímax e desfecho. Há ainda o enredo psicológico, marcado por fatos emocionais, que não são evidentes por não serem uma ação concreta.

O PERSONAGEM
O personagem, como segundo elemento, é quem faz a ação. Ele só existe quando interfere no enredo direta ou indiretamente e se define pelo que faz ou diz e pelo julgamento que fazem dele o narrador e os outros personagens. Quanto ao papel desempenhado no enredo o personagem pode ser: protagonista (herói e anti-herói); antagonista e secundário.
Quanto à caracterização podem ser: personagens planos (tipo ou caricatura) ou personagens redondos. Os planos são personagens estáveis, fixos e previsíveis, com características típicas (tipo) ou não (caricatura, com características ridículas). Em contrapartida, os redondos são personagens imprevisíveis, com inúmeras características que podem se contradizer, dependendo de quem e de quantos julgam tal personagem.

O TEMPO
Na narrativa há também o tempo, como terceiro elemento. Ele é fictício, isto é, interno ao texto, entranhado no enredo. Os fatos de um enredo estão ligados ao tempo em relação à época em que se passa a história e à duração da história. O tempo na narrativa pode ser cronológico, quando é linear, ou psicológico, quando não segue a ordem natural dos acontecimentos, utilizando-se da técnica do flashback.

O ESPAÇO
O espaço é o lugar onde se passa a ação numa narrativa. Tem como funções principais situar as ações dos personagens e estabelecer com eles uma interação, quer influenciando suas atitudes, pensamentos ou emoções, quer sofrendo eventuais transformações provocadas pelos personagens. O termo espaço, de um modo geral, só dá conta do lugar físico onde ocorrem os fatos da história. Para designar um “lugar” psicológico (virtual), social, econômico etc. deve-se empregar o termo ambiente.

O NARRADOR
O narrador é o estruturador da história, é a partir dele que se estabelece o foco narrativo (ponto de vista de quem conta a história) O narrador frente aos fatos narrados pode ser na: terceira pessoa (narrador-observador, narrador-observador-onisciente e onipresente) e na primeira pessoa (narrador-personagem). O narrador-personagem- protagonista desempenha a função de personagem principal e narra a história sob este ponto de vista. Já o narrador-personagem-testemunha pode ser caracterizado como intruso ou parcial.

TEMA, ASSUNTO E MENSAGEM
Há também a diferenciação entre tema, assunto e mensagem na narrativa.
O tema é a ideia em torno da qual se desenvolve a história.
O assunto é a concretização do tema, isto é, como o tema aparece desenvolvido no enredo.
Por fim, a mensagem é um pensamento ou conclusão que se pode depreender da história lida ou ouvida.

DISCURSOS
Há, ainda, os discursos na narração que se refere às várias possibilidades de que o narrador dispõe para registrar as falas das personagens.
O Discurso Direto configura-se como um registro integral da fala do personagem, do modo como ele a diz, sem a interferência do narrador. Isso ocorre, na forma mais convencional, através de verbos de elocução, dois-pontos e travessão. Há variações desta forma feita por vários autores. Outra forma é o uso de aspas no lugar do travessão. Autores modernos, como José Saramago, não diferenciam as falas dos personagens e a intervenção o narrador com recursos.
Exemplo:
“Havia uma quase sinceridade em suas palavras:
- Prometo mudar de atitudes, Júlia.
Sem olhar para ele, ela responde:
- Não adianta, você não me engana mais, está tudo acabado entre nós.”
O Discurso Indireto registra a fala do personagem através do narrador, isto é, o narrador é o intermediário entre o instante da fala do personagem e o leitor.
Exemplo:
“Havia uma quase sinceridade nas palavras dele quando disse para Júlia que prometia mudar de atitudes. Ela, sem olhar para ele respondeu que não adiantava porque não a enganava mais, estava tudo acabado entre eles.”
Por fim o Discurso Indireto Livre é um registro da fala ou do pensamento de um personagem que consiste num meio termo entre o Discurso Direto e o Indireto, porque apresenta expressões típicas do personagem mas também a mediação do narrador.
“Havia uma quase sinceridade nas palavras dele quando disse para Júlia que prometia mudar de atitudes. Ela, sem olhar para ele respondeu que não adiantava ...você não me engana mais... Estava tudo acabado entre eles.”
Ou seja: No Discurso Indireto Livre ocorre uma mistura, uma mescla de vozes entre a do narrador e a voz do personagem. O leitor, muitas vezes, não consegue facilmente identificar a quem pertence a voz que “fala”. O Discurso Indireto Livre é muito utilizado em monólogos interiores de personagens ou em fluxos de consciência dos personagens.

OBSERVE: por meio de todos esses elementos da narrativa pode-se realizar um roteiro de análise literária de narrativas. Com base em tais apontamentos, pode-se emitir uma opinião crítica sobre o texto. Independente de a opinião ser favorável ou não ele deve sustentar-se em argumentos lógicos e com dados tirados do texto.

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